Por que você não deve traduzir o inglês


Já assistiu a algum filme ou seriado e se deparou com uma legenda esquisita? Pois, com certeza, isso é resultado da tradução – a literal. No nosso artigo de hoje, vamos explicar por quê, para aprender inglês de verdade, é preciso evitar fazer isso.

O conselho não é à toa. Embora traduzir ajude a entender o contexto geral (afinal, ninguém nasce sabendo uma língua estrangeira), nem sempre ela passa todas as informações e nuances de uma frase.

Primeiro, porque cada palavra pode possuir vários significados de uma só vez. Vamos pensar em um exemplo bem simples:

PONTO. Como você diria em inglês? Period, dot, point, score, stitch? Você precisa de mais contexto, certo? Vamos ver, então, nessa frase específica:

I see your point.

Se fosse traduzir palavra por palavra, no sentido mais simples possível, ficaria “Eu vejo seu ponto.”
No entanto, essa expressão, no bom português, seria “Eu entendo o que quer dizer.”

Viu a diferença? Dá para entender na primeira versão, mas não soa natural. A mesma coisa acontece quando você tenta escrever algo em inglês pensando no português: por exemplo, a expressão tempestade em copo d’água não é “storm in a glass of water”, e sim storm in a teacup (em tradução livre, “tempestade em uma xícara de chá”) no inglês britânico, e tempest in a teapot (em tradução livre, “tempestade em um bule de chá”) no americano.

É lógico que seria muito mais fácil se tudo fizesse sentido traduzindo literalmente, não é? Mas é por isso que aprender a pensar em inglês, e não em português primeiro, é importante.

E quando o assunto é phrasal verbs, pior ainda. Não há tradutor automático ou procurar palavra por palavra no dicionário que vá dar a você o significado de certas expressões com precisão. Como:

hit on someone
– tradução literal: ‘bater em alguém’
– definição real: dar em cima de alguém

Acredite, esse erro já foi reproduzido na legenda de um filme de super-herói recente…

Falando em filmes, sabemos que a “tradução” de alguns títulos de seriados e filmes são questionáveis, porque tratam mais de um nome vendável para marketing do que do sentido em inglês. Quer ver? Você sabia que o famoso “À Espera de um Milagre” é, no original, The Green Mile (em tradução livre, A Milha Verde), referência ao corredor da morte da prisão, o cenário principal do filme? Já Sister Act (em tradução livre, Ato da Irmã), conhecido aqui como “Mudança de Hábito”, ganhou um segundo significado com o trocadilho com ‘hábito’, vestimenta religiosa.

Isso também ocorre quando obras em português são levadas para fora, como, por exemplo, os quadrinhos da Turma da Mônica, conhecidos como Monica’s Gang. Além da adaptação dos nomes de alguns personagens, as letras trocadas do Cebolinha (conhecido como Jimmy Five lá fora), de R para L, foram transformadas em R para W, uma troca muito comum no inglês entre crianças.

Assim dito, o trabalho dos (bons) tradutores e intérpretes profissionais é adaptar, e jamais de forma literal! Há todo um trabalho de adequar o contexto em inglês (ou qualquer outra língua estrangeira) para o nosso, a fim de aproximar o público da obra, mantendo a essência da mensagem original.

Para finalizar a reflexão de hoje, recomendamos, para quem já está estudando inglês, conferir o trabalho do Greengo Dictionary, um dos perfis de redes sociais que está brincando com a tradução literal atualmente. Pois é, até para entender onde está a graça, é preciso saber um tanto de inglês 😛

Conclusão: A tradução pode, sim, ajudar muito na hora de entender inglês, especialmente no começo. Mas não conte com ela para sempre. Evite traduzir tudo para não acabar com frases literais e sem sentido, e sim aprender para entender de verdade o inglês 😉

Afinal, também temos um bocado de palavras e expressões em português que não são traduzíveis no inglês, não é mesmo? Deixe nos comentários alguma que você adoraria que tivesse no inglês!

Escrito por Hiromi C.