Cinco sotaques de língua inglesa que estão desaparecendo
Vamos fazer um teste. Você consegue pensar em um único sotaque que represente o Brasil inteiro, com toda a sua diversidade e riqueza regional? Difícil, né? Mas basta ligar a TV para reparar que apresentadores de jornal, por exemplo, falam todos de forma muito parecida, quase com um “sotaque padrão”, com poucos regionalismos e sem gírias.
“E o que isso tem a ver com inglês?”, você deve estar se perguntando. Quando falamos sobre o “sotaque americano” ou o “sotaque britânico“, é exatamente isso que estamos fazendo: nos referindo a um único sotaque, padronizado pelos programas de TV e pelos filmes que consumimos desses países.
Na Inglaterra, o “sotaque padrão” (também apelidado de “inglês da BBC”, a maior emissora de TV do país) é conhecido como Received Pronunciation. Você com certeza já o ouviu em séries e filmes que se passam no Reino Unido ou em séries de fantasia, como Simplesmente Amor, Senhor dos Anéis e Orgulho e Preconceito. O melhor exemplo de Received Pronunciation, é claro, é a Rainha. Dê uma olhada nesse discurso dela, do Natal de 2017. É um sotaque que se preocupa com clareza, mas também com elegância:
O “sotaque americano” também passa por isso. É conhecido como General American ou Standard American English, e busca representar uma forma de falar que não seja excessivamente local. Você vai encontrar exemplos de “Standard American English” em Hollywood e em seriados como Grey’s Anatomy, West Wing e em telejornais americanos. O comediante Stephen Colbert, inclusive, reduziu ao máximo seu sotaque da Carolina do Sul, que é representado de maneira muito estereotipada na TV americana. Nesse vídeo, além de falar com o Standard American English, o apresentador brinca com o “sotaque britânico”:
A “padronização” de sotaques tem algumas vantagens, mas também traz desvantagens, como o apagamento de sotaques locais. Muitos jeitos de falar típicos de pequenas cidades estão desaparecendo, uma vez que o mundo está se tornando cada vez mais globalizado e muitas culturas de misturam e transformam. Conheça alguns dos dialetos que correm risco:
CAJUN (Louisiana – Estados Unidos)
Apenas um pequeno grupo de moradores no Sul da Louisiana fala o dialeto Cajun, que é uma mistura de inglês americano sulista e… francês! Dizem as lendas que os Cajun são parentes de imigrantes franceses que ocuparam a Nova Scotia, no Canadá, e foram deportados pelos britânicos. Seja como for, entender o dialeto pode ser um desafio! Ouça só:
SCOUSE (Liverpool – Reino Unido)
O sotaque é uma marca registrada de Liverpool, e bastante charmoso! O termo “scouse” vem de “lobscouse”, um tipo de cozido muito comum na dieta de marinheiros. Isso diz muito sobre a cidade portuária de Liverpool e também sobre o dialeto: em alguns momentos, o scouse soa um tanto quanto “pirata”! Preste atenção em como George arrasta o i em “like”, e John Lennon fala os rr em “Harrison”:
TANGIER (Tangier Island, Virginia – Estados Unidos)
Há quem diga que o sotaque Tangier, cuja população vive isolada em uma ilha, é uma reprodução perfeita do sotaque britânico dos tempos da Rainha Elizabeth, no século 18. Se é verdade ou não, é difícil saber, mas uma coisa é certa: é uma tradição muito rica, que está desaparecendo com a migração de jovens da região para outros centros nos Estados Unidos.
COCKNEY (Londres – Reino Unido)
O cockney é um sotaque bastante famoso, talvez por ser muito comum em filmes que se passam entre os séculos 19 e 20 na Inglaterra. É conhecido como um sotaque oposto ao da Rainha, mais comum entre a classe trabalhadora. A mistura de culturas e vozes em Londres está minando, pouco a pouco, o sotaque, mas ainda é bastante fácil de reconhecer:
YOLA (Wexford – Irlanda)
Nunca ouviu falar nesse sotaque? É porque o Yola já é considerado extinto entre a comunidade irlandesa. Não é de surpreender, já que é bastante antigo: segundo estudiosos, o sotaque surgiu lá pelo século 12 e sobreviveu, a duras penas, até o século 19. O vídeo abaixo dá uma amostra de como o Yola soava, e a música é bem simpática!
O que fazer se eu não entendo um sotaque diferente?
Uma situação que dá medo em muita gente é conversar por telefone com uma pessoa com sotaque que não conhecemos bem. Se isso acontecer com você, há alguns caminhos possíveis! O primeiro é respirar fundo e se preparar para a conversa. O nervosismo atrapalha muito a compreensão de outro idioma já no dia a dia – imagine só em um contexto novo?
E aí vem o segundo truque: uma vez que a conversa começar, fale pausadamente e mais baixo do que o normal. Isso, muito provavelmente, fará a outra pessoa na linha fazer o mesmo.
Terminou a conversa? Anote o que foi falado e, em um segundo momento, reforce por escrito, por e-mail ou mensagem. Certifique-se de que entendeu tudo e esteja mais confiante na próxima! 😉
Escrito por Cláudia Fusco.